Reabertura de prazo para repatriação é prioridade do governo, diz Jucá

Novo líder do governo no Congresso, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse contar, com a finalização do texto-base da proposta destinada a reabrir o programa de repatriação de recursos mantidos irregularmente por brasileiros no exterior. Sobre o projeto em discussão no Senado (PLS 405/2016), que tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Jucá disse que a intenção da base do governo é que os senadores possam “discutir e se preparar” para a votação na próxima semana.

O projeto, de autoria do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou a tramitar com urgência e deve ser votado diretamente em Plenário, nesta terça-feira (22). Jucá observou que a proposta vem sendo também discutida com o Ministério da Fazenda e com a Advocacia Geral da União (AGU), num esforço para aperfeiçoar as regras de repatriação anteriores, com o objetivo “dar consistência e segurança jurídica” aos declarantes.

Líder do governo

A repatriação de recursos foi um dos temas da entrevista, o senador assumiu oficialmente a função de novo líder do governo no Congresso. Para o relator, a reabertura do programa de repatriação é uma medida importante para a economia. Dessa vez, a previsão é de que a multa a ser cobrada dos declarantes seja elevada de 15% para 17,5% sobre os valores informados.
— Nós queremos ampliar a arrecadação e viabilizar esses ativos, para que fiquem regulares no Brasil. Isso é muito importante para a economia — afirmou.

Jucá afirmou que políticos continuarão proibidos de trazer de volta recursos que por ventura estejam no exterior, e que as discussões visam apenas liberar ativos de parentes, desde que fique comprovada a origem. Segundo ele, se o parente possuir uma atividade econômica em separado, não há razão para que seja penalizado.

— Tenho dito que a Receita Federal e o Banco Central têm todas as condições de acompanhar esses ativos e verificar a origem. Por isso, estamos fazendo essa discussão técnica — ponderou.

Multas

O líder comentou ainda a disputa aberta por estados e municípios, que reivindicam parte do montante das multas geradas na primeira fase da repatriação. Por meio de ação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), os estados conseguiram uma decisão liminar. Segundo Jucá, a questão está sendo discutida com a Advocacia Geral da União, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e o Ministério da Fazenda, com a intenção de evitar mais um passivo na Justiça.

— A gente sabe da situação difícil que estados e municípios estão vivendo e, portanto, o governo está sensível a buscar uma solução não só nessa questão da multa. O presidente Michel Temer tem reiterado a preocupação do governo federal com estados e municípios com a busca de soluções que possam minorar as dificuldades — afirmou.

Prioridades

Como líder do governo, Jucá disse que se empenhará pela aprovação das propostas que ajudem na recuperação da economia do país e também restaurar a segurança jurídica perdida, a seu ver “um dos males que o PT fez ao país”. Garantiu ainda que o Orçamento de 2017 será aprovado ainda este ano, elogiando o trabalho do relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Observou que os líderes aprovaram calendário, no qual a votação final no Congresso está marcada para 14 de dezembro.

— É claro que tem o andamento da Comissão do Orçamento e vão existir muitos debates, muitas discussões, mas é muito importante que o Brasil possa iniciar o ano de 2017 com o orçamento pleno, bem feito, caracterizando a busca de um equilíbrio fiscal — afirmou.

‘Sem constrangimentos’

O senador, que já desempenhou a função de líder em outros governos, ressaltou ainda que aceitou voltar ao cargo, a convite do presidente Michel Temer, sem “constrangimentos”, inclusive em meio a apelos de congressistas para que reassumisse o comando do Ministério do Planejamento. A resposta foi dada após ser lembrado do episódio de seu afastamento da equipe de ministros de Temer.

Jucá deixou a pasta após divulgação de gravações em que falava sobre “estancar essa sangria”, suposta referência a pacto para deter as investigações da Lava Jato. Ele enfatizou que não foi demitido, e que se afastou apenas para evitar “discussões” que atrapalhassem o novo governo.

— Por isso, pedi para sair, e pedi também ao Ministério Público e ao Supremo [Tribunal Federal] se havia algum tipo de irregularidade ou obstacularização à Lava Jato da minha parte. Até hoje isso não foi respondido, mas nós continuamos cobrando, e eu tenho paciência para aguardar a resposta — declarou Jucá.

Fonte: Revista Dedução