Com cadastro positivo, inadimplência deve cair pela metade

A implantação de um cadastro com informações positivas de crédito sobre o consumidor faria com que a inadimplência caísse pela metade no Brasil.

Existem vários estudos que identificam que a inadimplência pode cair até 50%. Então iríamos de um patamar de quase 9% para 4%. Isso representa em torno de R$ 30 bilhões ou R$ 40 bilhões que seriam injetados na economia novamente, que é um dinheiro que não desapareceria, mas voltaria para a economia na forma de crédito, explicou o presidente da Serasa Experian, Francisco Valim.

De acordo com ele, com a queda na inadimplência, os juros ao consumidor também cairiam, tendo em vista que quase 40% do spread bancário (diferença de juros que os bancos pagam na captação de recursos e que cobram ao emprestá-los) diz respeito à inadimplência.

Valim falou durante a 5ª edição do C4 - Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, na última quinta-feira (27).

Assimetria de informação

De acordo com Valim, o que tem restringido o crédito no Brasil, que tem grande potencial de crescimento, é exatamente a taxa de juro alta, sustentada pela falta de informação sobre o tomador de empréstimo.

O que tem restringido [o crédito] é que hoje no Brasil há uma assimetria de informação muito grande, entre quem concede e quem recebe o empréstimo. Acaba-se restringindo apenas às informações de cadastro, que são coletadas na hora da concessão, mas esquece-se de todo um histórico de pagamento do consumidor, disse.

Para ajudar nessa assimetria da informação é que Valim indica a criação do cadastro positivo, que contém informações cadastrais das pessoas, seu histórico de crédito e o total de endividamento. Chamado de lista de bons pagadores, o cadastro ainda está em análise no legislativo brasileiro.

Por que isso ainda está patinando? Porque tem fatores psicológicos, das pessoas compartilharem informações. Porque ele só surge a partir do momento em que os agentes econômicos compartilham informações de crédito sobre as pessoas e isso passa a ser um ativo do indivíduo. Hoje, quando o consumidor entra em uma loja, ele não tem vantagem de ter cumprido seus compromissos, então paga juro de inadimplente, finalizou.


Por: Flávia Furlan Nunes

Fonte: Infomoney