Apesar dos bons números do ano passado, 2025 pede cautela.

A divulgação do IBC-Br, um indicador que antecipa a tendência do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou um crescimento de 3,8% em 2024, sinalizando que o PIB oficial também deverá registrar alta superior a 3% no ano. No entanto, essa é uma análise retrospectiva, refletindo o desempenho passado da economia, sem necessariamente indicar as perspectivas futuras. E as projeções para 2025 são bem diferentes.
Parte relevante dos números do ano passado decorreu da expansão fiscal do governo. Mesmo com uma redução no índice das vagas de trabalho, os gastos com seguro-desemprego atingiram patamares elevados. As despesas com o Bolsa Família mais que triplicaram nos últimos dois anos, enquanto os pagamentos de precatórios somaram R$167 bilhões. Somando esses fatores ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o total ultrapassa R$500 bilhões. Para os próximos meses, o espaço para a política fiscal está consideravelmente reduzido. A relação entre dívida e PIB aumentou quase 10 pontos porcentuais (p.p.) em dois anos, tornando o mercado mais sensível às variações nos gastos governamentais, o que tem impacto imediato sobre o câmbio. Paralelamente, a inflação segue pressionada: a última pesquisa realizada aponta para um IPCA próximo de 6% neste ano, bem acima da meta superior de 4,5%. Caso as previsões se confirmem, o Banco Central (Bacen) não conseguirá cumprir o objetivo inflacionário.
Frente a essa conjuntura, o primeiro semestre pode manter algum dinamismo sustentado pelo mercado de trabalho ainda relativamente positivo. O segundo semestre, porém, tende a ser mais desafiador, com ajustes econômicos se tornando mais evidentes e afetando a atividade empresarial.

Fonte: Economia.