Mercado de trabalho vai continuar aquecido, diz Loyola

O aumento na taxa de desemprego de fevereiro já era esperado por economistas e analistas de mercado. Mesmo assim, o resultado não diminuiu a preocupação de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. “O desemprego cresce  no setor industrial, que está fraco esse início de ano. Mas o setor de serviços ainda segue em ritmo forte. Não há nada indicando que a economia terá uma queda brusca de atividade. Os indicadores do mercado de trabalho cão continuar positivos nos próximos meses. Ainda temos um bom risco inflacionário”.

O mercado de trabalho é um indicador importante para prever comportamento de consumo, investimento e renda da população. Quanto mais empregos, mais renda e assim, mais consumo. Essa é a fórmula que gera inflação quando a produção do país não está preparada para atender a todos. E para Loyola,  ainda há um descompasso entre a oferta e a demanda no país. “O PIB este ano deve crescer até menos de 4%, segundo a média das previsões. Mas provavelmente a demanda da economia vai crescer mais do que isso. Essa discrepância entre a demanda e oferta vai continuar. E não podemos esquecer que,  na composição da oferta domestica, há muitos bens importados”.

O economista, sócio da consultoria Tendências, diz que, mais do que o número de desemprego, é preciso olhar para a taxa de ocupação dos trabalhadores e o nível de salários. “Eu olho muito mais a ocupação, que continua crescendo e a massa salarial também”.

Motivo suficiente, na opinião de Loyola, para que o BC não baixe a guarda para inflação. “A taxa de desemprego é apenas um dos indicadores de que a demanda arrefecendo.  É apenas um! O BC tem que olhar os salários reais e outros indicadores de demanda para tomar decisões sobre política monetária. Não dá para baixar a guarda, ainda tem muita coisa para andar”