Crise? Tô fora

“Dilma e Eduardo Cunha não trabalham na companhia, então pare de falar deles. ” É com essa frase de impacto que termina um texto de 1.500 caracteres, que está sendo atribuído ao empresário Beto Sicupira, sócio do fundo 3G Capital. Sicupira não nega nem confirma a autoria da mensagem, que se espalhou pela Internet. O ponto central é perder menos tempo reclamando da crise e dos governantes, arregaçar as mangas e focar na empresa. “Se está ruim, é porque o problema é dentro de casa”, diz o texto.

“Se todo mundo está pisando no freio, você tem de estar no acelerador. ” Esse sentimento de “chega de crise! ” está ganhando força no setor privado. Cansados dos problemas gerados pelo governo Dilma, os empresários se mobilizam para defender o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e criar as condições para superar a crise. “É a hora dos grandes empresários deste País – Jorge Gerdau, Roberto Setubal, Rubens Ometto, Abilio Diniz, entre vários outros – fazerem uma frente em busca do destravamento da economia”, afirmou José Galló, presidente da Renner, na semana passada, ao jornal O Estado de S. Paulo.

No Guarujá, cerca de mil executivos se reuniram para debater a crise em evento da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp). “As lideranças brasileiras precisam ter inspiração, foco, trabalho e ideias para superar a crise”, disse Alencar Burti, presidente da Facesp. Uma clara demonstração de apoio a Levy foi dada em um jantar no dia 2 de setembro.

O anfitrião era justamente Sicupira, que recebeu em sua casa, em São Paulo, o ministro e empresários renomados como Pedro Passos (Natura), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Edson Bueno (Grupo Dasa), Carlos Jereissati (Grupo Jereissati) e Jorge Gerdau (Grupo Gerdau). Uma semana depois o Brasil perderia o grau de investimento pela agência de classificação de risco S&P. Empresário de sucesso no setor de turismo, Guilherme Paulus, fundador da CVC, é um daqueles que querem dar um safanão na crise. A sua rede de hotéis GJP criou a bandeira Linx Oba como parte de um investimento de R$ 200 milhões até 2017. Há bons exemplos também no middle market.

O empresário Fernando Perri, fundador da Vivenda do Camarão, quer quadruplicar os R$ 200 milhões de faturamento com a venda de itens do cardápio pela internet, através de microfranquias. Para isso, está investindo R$ 20 milhões. “Eu percebi que a renda da população iria encolher por conta da crise e busquei uma forma de vender mais barato”, diz Perri, ressaltando que jamais pensou em adiar os planos diante da crise. “Eu tinha dois caminhos: vender a empresa e sair do País ou parar de reclamar e buscar oportunidades. Preferi parar de reclamar. ”

Fonte: Isto é - Dinheiro